A
democratização do ensino superior no Brasil está conectada à falta de alicerce
dos estudantes. Isto é, o educando, tanto de Universidade Pública, quanto
o de Instituição de Ensino Superior, sofre por falta de estrutura e recursos.
Nossos acadêmicos estão cada vez mais preguiçosos e descrentes do ensino. Essa
posição do graduando faz parte de um ciclo que começa a ser incentivada por
nossos governantes logo no ensino básico. A geração presente, todavia, não está
totalmente desvirtuada, creio que as futuras serão um grande desafio aos
educadores. Tomemos por exemplo a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996
(Lei de Diretrizes e Bases), que regulou o funcionamento das classes de
aceleração de aprendizagem e a introdução do sistema de aprovação automática.
A
deficiência na estrutura e a precariedade de recursos em Universidades Públicas
é um descaso com uma sociedade que acredita no desenvolvimento do seu Estado.
É fácil
distinguir o que o brasileiro precisa do que nossos governantes realmente
querem. Pois, com a falta de incentivo à pesquisa, realizadas por nossas
Universidades, e o incentivo à comercialização de Instituições de Ensino
Superior Privada, notamos que eles querem disfarçar o descaso com o ensino,
cobrindo buracos educacionais com diplomas.
O descaso
com Universidade Federal é desprezível. No entanto, a comercialização de
Faculdades privadas é pior ainda, pois o aluno destas instituições sofre por
não ser encorajado a escrever, fazer pesquisas, e acaba se sujeitando a
aprovações sem um real ajuizamento de sua capacidade.
As
classes de aceleração permitem que os alunos com mais de dois anos de atraso
escolar façam duas séries em um único ano letivo, uma espécie de supletivo,
corrigindo o fluxo escolar. Porém é válido notar que tal sistema impede uma
real ponderação acerca do conhecimento obtido pelos alunos neste período. O
aluno, que passa por esse suposto supletivo, acaba saindo despreparado para o
mercado. E graças às inúmeras possibilidades de financiamento educacional, este
educando ingressa sem noções básicas no o ensino superior.
Atualmente, graças a adesão governamental, há um grande número de Instituições
de Ensino Superior, que para continuarem no “mercado”, estão diminuindo a
dificuldade dos vestibulares. Essa facilidade do processo seletivo se firma na
regra básica de oferta e procura. As Faculdades acabam por se aterem apenas na
quantidade de alunos e não na preparação do mesmo para a vida acadêmica. Não
há, por assim dizer, uma pós venda neste mercado sovina.
A falta de conhecimento básico do
graduando, afeta o entendimento da aula, incentivando que o mesmo se apegue ao
seu conhecimento empírico.
Os
estudantes saem do ensino superior, sem o apoio cientifico que deveriam ter
para futuras conquistas acadêmicas. Esse ciclo infelizmente tende a
prosseguir, porque tem como sua força motriz a falsa democratização do ensino
superior.
A
necessidade de titulação em um curto espaço de tempo é um subsídio a formação
de profissionais incapazes de pensar de forma sistemática, um indivíduo
inabilitado a conquistar outras titulações acadêmicas.
As
faculdades acabarão se tornando um mercado de diploma e o estudante apenas um
consumidor pouco exigente ludibriado por expectativas sobre um futuro
profissional irreal.
Não é
justo exigirem maior número de diplomas de educação superior, se o ensino
básico e fundamental está defasado. O Estado brasileiro deveria se ater ao
desenvolvimento, não almejar um crescimento irreal.
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